Dra Berenice Ferreira

A febre na criança faz parte de  20 % das queixas nos consultórios e até 60 % nos pronto socorros.

A febre é uma condição comum em crianças e muitas vezes causa preocupação nos pais. Entender o que é a febre, suas causas e como lidar com ela pode ajudar a tranquilizar os cuidadores e promover a saúde infantil.

Dra. Berenice Ferreira

Pediatria geral e Puericultura CRM:18.406 MG / RQE: 24571

  • Dra Berenice é pediatra com experiência de 40 anos na pediatria, em consultório, e atividades em enfermaria pediátrica.
  • Docente há 20 anos, ministrando aulas teóricas e como preceptora em enfermaria pediátrica na Universidade de Uberaba (UNIUBE)
  • Dra Berenice é médica capacitada para um atendimento de excelência desde a consulta pediátrica de pré-natal até a adolescência.

Formação

  • Formada em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 1983 (UFTM)
  • Residência Médica em Pediatria no Instituto Santa Lydia em Ribeirão Preto /SP.
  • Título de especialista em pediatria / RQE: 24571
  • Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria
  • Preceptora de pediatria do curso de Medicina da Universidade de Uberaba
  • Membro da Sociedade Regional de Pediatria do Vale do Rio Grande / SMP

Veja alguns comentários sobre a dra Berenice Ferreira:

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O que é a febre?

Primeiro vamos falar da temperatura normal ou mais precisamente uma faixa normal e os limites superiores da normalidade.

A temperatura axilar faria de 36,5 º C pela manhã a 37,2 º C à tarde. A temperatura bucal pode ser até 0,5ºC maior que a axilar, e a retal 0,8 a 1ºC maior que a axilar. Portanto podemos definir febre com temperatura axilar a partir de 37,3ºC.

É preciso estar atento ao aumento da temperatura corporal por hipertermia, que seria o aumento da temperatura corporal sem a presença de quadro infeccioso. Ocorre quando há excesso de calor no ambiente ( altas temperaturas),  excesso de agasalhos, exercício físico intensos, falta de ingestão de líquidos durante altas temperaturas, nesse caso não chamamos de febre.

Febre é definida pelo aumento da temperatura corporal devido a estímulos infecciosos ou inflamatórios.  Portanto é um sintoma de uma determinada doença, ela é um sinal de alerta para o nosso corpo iniciar uma reação de defesa.

Dito isso podemos dizer que a febre não é sempre prejudicial, ela é um importante mecanismo de defesa que possuímos. Por isso não é recomendado usar antitérmicos para quadros leves, febre < de 38° C.

Devemos sim nos preocupar com o que está causando esse aumento de temperatura, qual estímulo o corpo está recebendo para manifestar esse sintoma. Precisamos fazer um diagnóstico (descobrir qual doença a criança está apresentando).

Os pais precisam ficar atentos para outros sintomas que apareçam junto com a febre, observar quanto à intensidade deles, tempo de aparecimento em relação ao início do pico febril.

Sintomas mais frequentes: respiratórios como secreção nasal, tosse, cansaço, chiado, esforço para respirar; gastrointestinais como náusea, vômito, diarreia; sintomas urinários e lesões na pele.

Observar o estado geral da criança; suas atitudes após o início da febre, como diminuir as brincadeiras, ficar mais irritada, chorosa, com sonolência exagerada, diminuir a alimentação, diminuir a aceitação de água, observar sua coloração da pele etc.

Criança com febre ficam com prostação.

Qual o melhor método e quais termômetros usados para a medida da temperatura corporal ?

Os métodos existentes são o axilar, temperatura da região interna da orelha, bucal e retal.

  • O método considerado mais eficaz é o retal. Depende da aderência ao método e a cultura local. Pode ser aferida com termômetro de mercúrio ou digital.
  • A temperatura na orelha tem a vantagem de ser mais cômoda e mais rápida, mas é mais elevada em média 0,5ºC do que a axilar a apresenta grande variação, inclusive entre as duas orelhas. O termômetro usado é o auricular. Recomenda-se em temperaturas muito elevadas conferir com a medida axilar.
  • Pode ser medida através da pele da criança, com termômetro infravermelho.
Aferição da febre com termometro infravermelho
  • O método aceito e culturalmente incorporado no nosso meio é a medida axilar, embora não seja tão precisa quanto o retal e o bucal, é eficaz para a avaliação clínica.

Técnica: enxugar a axila e manter o braço firmemente apertado no tórax até a sinalização do término da medição.

Aferição da febre com termometro digital na axila

Mesmo que a criança chore é fundamental que essa aferição  seja feita corretamente. Veremos mais à frente o quanto é importante saber qual o nível da febre.

A febre referida pela mãe pela palpação da criança, na ausência de um termômetro, é método confiável e deve ser levado em consideração pelo pediatra.

Mãe verifica com a mão se o filho está com febre

Pensando apenas na febre, ela é prejudicial ou benéfica ao organismo?

Alguns malefícios da febre:

1- A febre aumenta o consumo de oxigênio e prejudica o rendimento cardíaco, mas isso só será relevante  em crianças muito debilitadas, com pneumonias graves que aumenta a queda do oxigênio e nas crianças cardiopatas.

2- A febre pode causar convulsão, chamada de convulsão febril, mas se for de instalação rápida e mais freguentemente nas primeiras 24 horas do inicio da febre, em crianças com predisposição genética e na idade de 6m a 5 anos de idade. Essa convulsão febril, embora indesejável, não causa lesão cerebral.

  • Se seu filho tem mais de 1 ano e já passou pela experiência de ter febre algumas vezes, e não apresentou convulsão, provavelmente não estará predisposto a esse desagradável evento

3-Febre alta pode causar lesão cerebral, mas só vai ocorrer com febre em níveis próximos a 42,5ºC, sendo  esse nível pouco frequente nas doenças infantis.

4- A febre se associa a sintomas que causam desconforto e alterações de comportamento:

  • mal-estar
  • dor muscular
  • irritabilidade
  • prostração
  • diminuição do apetite
  • Cefaléia / dor de cabeça
  • desidratação
Criança com cefaléia devido à febre

A febre pode ser um aliado para combater a infecção e auxiliar no diagnóstico da gravidade da doença

  1. Existem evidências que a febre está associada à redução da multiplicação dos agentes infecciosos causadores da febre como os vírus e bactérias e estimulam a defesa do organismo contra esses agentes infecciosos.
  2. Uma criança que apresenta desconforto causado pela febre (mal-estar, dor muscular, irritabilidade, prostração e diminuição do apetite),  necessita ser medicada com antitérmicos e ser examinada também fora do período febril.
  3. O reexame ou o exame da criança fora do período febril é muito importante para avaliarmos a gravidade do quadro.

É considerado um quadro mais grave quando a criança continua abatida, irritada, prostada mesmo sem febre, ou pode-se tratar de um caso sem gravidade, quando a criança se apresenta com melhora evidentedo desconforto após o antitérmico.

O que o pediatra precisa saber quando a queixa principal é a febre?

  1. A idade criança: é fundamental para sabermos se tomaremos condutas mais agressivas como encaminhar para internação, ou solicitação de exames laboratoriais ou se podemos manter em observação.
  2. Perguntar sobre outros sintomas presentes, como os respiratórios, intestinais, urinários, alterações de pele.
  3. Determinar com precisão sempre que possível o início da febre, de preferência em horas de início, há 12, 24, 36, 48 h, etc.
  4. Em quanto tempo a temperatura diminui após uso do antitérmico, não precisa chegar ao nível normal, mas pelo menos cair 0,8ºC. 
  5. Nível da temperatura maior que 39ºC ou presença de hipotermia (queda da temperatura abaixo de 35,5 ºC), probabilidade de gravidade.
  6. Diminuição evidente do apetite ou mesmo rejeição de água.
  7. Presença de tremores de frio precedendo a febre ou associados a ela, chamados de calafrios. 
  8. Alterações do comportamento, sintomas que já referimos acima e que devem ser observados pelos pais ou cuidadores e principalmente se esses sintomas melhoram ou persistem após o uso de antitérmicos e diminuição da temperatura corporal.
criança com sintomas respiratórios

O tratamento da febre como sintoma:  quando tratar mesmo em níveis mais baixos?

  • Crianças muito debilitadas, cardiopatas ou com insuficiência respiratória.
  • Crianças com predisposição a convulsão febril.
  • Crianças que se apresentam muito apáticas, muito sonolentas ou irritadas, para avaliarmos sua melhora ou não após o uso do antitérmico.

Qual o melhor método para baixar a temperatura?

Pode ser diminuída por medicamentos, os antitérmicos ou por meios físicos.

O uso de medicamentos é sempre a primeira opção quando eles estiverem indicados.

A criança deve ser mantida em ambientes bem ventilados e sem agasalhos.

Os meios físicos como compressas ou banhos mornos podem ser usados durante 10 a 20 minutos, se houver evidente conforto para a criança.

O uso de álcool não é recomendado porque pode ser absorvido pela pele e causar toxicidade.

Estimular a criança a tomar mais líquidos e alimentos leves.

Como saber o que está causando a febre?

Quando atendemos uma criança febril e após detalharmos essa queixa como foi mencionada acima, precisamos fazer um exame físico completo para chegarmos ao diagnóstico.

Quando a criança apresenta sintomas específicos associados ao aumento da temperatura, esse diagnóstico fica mais fácil.

Pode ser de origem viral ou bacteriana e na grande maioria das vezes não necessita de nenhum exame laboratorial.

Um detalhamento dos sintomas e do exame físico são suficientes para o diagnóstico da doença.

Quando está indicado investigação laboratorial da febre?

  • Em algumas situações que chamamos de FSSL ( febre sem sinais localizatórios ) ou febre a esclarecer.
  • Nos casos de comprometimento severo do estado geral que necessitou internação, mesmo com diagnóstico já definido.

Preciso correr para o pronto socorro quando meu filho está com febre?

  • Em lactentes menores de 3 meses procure sempre o pediatra já no início do quadro febril.
  • Se a criança tiver mais de 3 meses e temperatura até 38,5 ºC, estiver em bom estado geral, sem nenhum sinal de gravidade, pode-se observar por 48 horas o aparecimento de outros sintomas que podem ajudar no diagnóstico, desde que o pediatra esteja ciente e acompanhando o quadro clínico do seu filho.

O pediatra deve ter consciência da ansiedade gerada nos pais quando seu filho está com febre, mas não podemos contribuir para a “febrefobia”. Precisamos sim, ser empáticos quanto à preocupação dos pais, sermos instrumentos de calmaria e aliviar os sintomas da criança.  Estarmos presentes junto aos pais no acompanhamento desses casos.

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