Vamos discutir os principais aspectos da introdução alimentar, fundamentais na promoção de saúde da criança.
A alimentação saudável nos primeiros 5 anos da criança é essencial no crescimento (ganho de altura e peso) e no desenvolvimento cognitivo, além de ser importante para adquirir hábitos alimentares saudáveis para vida toda.
A curto prazo, a má formação de hábitos alimentares pode resultar em desnutrição e atraso do desenvolvimento da criança. Já a longo prazo, uma alimentação inadequada pode ser responsável por doenças crônicas não transmissíveis como: obesidade, diabetes e hipertensão arterial.
Dra. Berenice Ferreira
Pediatria geral e Puericultura
CRM: 18.406 MG / RQE: 24571

Dra Berenice é especialista em pediatria.
- Experiência de 40 anos no atendimento de crianças e adolescentes, em consultório, e atividades em enfermaria pediátrica.
- Ampla experiência em nutrição infantil, com vários anos de vivência clínica, de estudo e cursos realizados sobre esse tema tão importante para a promoção da saúde infantil e formação de hábitos alimentares saudáveis para a vida toda.
- Docente há 20 anos, ministrando aulas teóricas e como preceptora em enfermaria pediátrica na Universidade de Uberaba (UNIUBE)
- Dra Berenice é médica capacitada para um atendimento de excelência desde a consulta pediátrica de pré-natal até a adolescência
Formação
- Formada em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 1983 (UFTM)
- Residência Médica em Pediatria no Instituto Santa Lydia em Ribeirão Preto /SP.
- Título de especialista em pediatria / RQE: 24571
- Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria
- Preceptora de pediatria do curso de Medicina da Universidade de Uberaba
- Membro da Sociedade Regional de Pediatria do Vale do Rio Grande / SMP
Alguns comentários sobre a Dra Berenice Ferreira:





Alimentação do recém-nascido até os 6 meses:

O leite materno oferece melhores benefícios para o bebê em relação ao uso de fórmulas infantis.
- Estimula o desenvolvimento de defesa / proteção contra infecções
- Proteção contra alergias
- Desenvolvimento do sistema neurológico
- Previne doenças crônicas como obesidade e diabetes
- Reforça a ligação do bebê com a mãe
- Previne doenças maternas
Devido a esses fatores é fundamental o estímulo ao aleitamento materno exclusivo até os 6 primeiros meses de vida.
A recomendação é que o recém-nascido seja amamentado já na primeira hora de vida, sendo exclusivo por seis meses e continuado por 2 anos ou mais.
A amamentação deve ser por livre demanda, sem horários definidos.
Não devem receber chás, sucos ou água, pois o leite materno contém a água necessária, mesmo em dias quentes.
Na impossibilidade do aleitamento materno deve-se oferecer as fórmulas infantis prescritas pelo pediatra, na mamadeira, e sempre que possível oferecidas pela mãe. Isso também contribui p o vínculo afetivo tão importante p o desenvolvolvimento saudável do bebê.

Quando iniciar a introdução alimentar?
Os lactentes que desenvolveram a habilidade de se sentarem sozinhos ou com ajuda mínima estão prontos para comidas macias, alimentos bem cozidos e bem amassados com garfo, tipo um purê.
Esses alimentos complementares, devem ser introduzidos a partir de 6 meses de idade.
Para as crianças que não foi possível o aleitamento materno e iniciado fórmulas infantis, devemos seguir as mesmas orientações para aquelas em aleitamento materno exclusivo.
E importante lembrar que o leite de vaca é contraindicado para crianças menores de 1 ano de idade, de acordo com a sociedade brasileira de pediatria.
- Contém alto teor de proteínas que nessa fase pode predispor à obesidade no futuro devido à programação metabólica que a criança é submetida .
- Gordura com excesso de ácidos graxos saturados e deficiência de ácidos graxos essenciais,
- A concentração de eletrólitos e de alguns minerais como cálcio e fósforo é muito elevada
- Deficiência de diversos micronutrientes como; ferro, zinco e cobre.
Na introdução da alimentação complementar a composição da dieta deve ser equilibrada, variada e fornecer todos os tipos de nutrientes, deve ser suficiente em quantidade e qualidade para suprir a necessidade em calorias, em macronutrientes (proteínas carboidratos e gorduras) e em micronutrientes da criança em crescimento e deve ser feita de forma gradual.
Excesso de carbohidratos, lipídeos e de proteínas pode predispor a doenças crônicas como obesidade e Diabetes tipo 2

Recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria para introdução alimentar.
“Oferecer os alimentos amassados na colher. Estimular a criança a explorar o alimento com as mãos e manusear a colher, ambos como parte do processo de aprendizado e autonomia.”
“Faltam evidencias na literatura para afirmar que o método BLW ( Baby- Led Wenning- desmame guiado pelo bebê) e Bliss ( semelhante ao BLW com pedaços de alimentos maiores) são equivalentes ou superiores ao método tradicional, principalmente quanto ao crescimento, segurança e ingestão de alguns nutrientes.”

Dicas para início dos novos alimentos na introdução alimentar
- Higienizar adequadamente os alimentos que serão consumidos. Lavar as mãos antes das refeições e fazer uma bonita apresentação do prato.
- A criança deve fazer as refeições junto com a família, de preferência no cadeirão própria para essa fase. Essa prática estimula a criança a experimentar os alimentos quando observa os pais e irmãos comendo, ela fica mais propensa a experimentá-los. Muito cuidado na colocação à mesa de alimentos industrializados, sucos ou refrigerantes, devemos sempre dar bons exemplos.
- Colocar os alimentos no prato que devem ser bem amassados, colocados e oferecidos separadamente, para que a criança experimente sabores e texturas diferentes. . Não bata no liquidificador e não passe em peneira.
- A não aceitação de um tipo alimento é normal, faz parte do aprendizado. A criança deve ser exposta pelo menos dez vezes ao alimento rejeitado, de formas e em dias diferentes.
- Respeitar os sinais de fome e saciedade. Não insistir na oferta do alimento se a criança não deseja comer mais. Essa atitude pode fazer a criança, a não perceber mais a sua saciedade e comer exageradamente com risco de ganho de peso e obesidade no futuro.
- Não utilizar a alimentação como forma de punição, chantagem ou premiação, isso gera comportamentos ou sentimentos negativos com relação à alimentação
- Não distraia seu filho durante as refeições, com brinquedos ou uso de celulares, esses devem ser mantidos fora da mesa de refeição. Pais por favor não usem qualquer tipo de tela à mesa, lembrem-se dos bons exemplos.
- Para verificar a temperatura do alimento experimente com um utensilio diferente da criança, sem assoprar para não transmitir microrganismos.
- Durante a refeição, interagir com a criança, deixá-la usar as mãos para pegar os alimentos e usar a colher
- Água filtrada ou fervida deve ser iniciada junto com a introdução da alimentação complementar. Incentivar o consumo de água, evitando água de coco, bebidas açucaradas e/ou gaseificadas e sucos industrializados. Isto ajuda na prevenção de carie, obesidade e diabetes

- Lactentes até 6 meses: NAO se recomenda suco
- Lactentes até 1 ano: EVITAR a ingestão de suco
- Crianças 1 a 3 anos: até 120 a 150 ml/dia de suco, não adoçado e feito da fruta
Como começar a introdução alimentar ?
Iniciamos as frutas e a papa de legumes ao mesmo tempo. As frutas recomendadas para o inicio pode ser mamão, banana, pera, maça, abacate , com preferência para as frutas da estação. Aos poucos podemos diversificar, sem nenhuma contra indicação.

Como deve ser a composição do prato durante a introdução alimentar?
Durante a introdução alimentar, quanto mais variada for a alimentação oferecida, maior será a exposição a diferentes sabores e texturas, assim como a adequação das suas necessidades nutricionais.
Preparações diluídas como caldos, sopas e sucos, podem não oferecer as calorias e nutrientes necessários ao lactente, devendo a família juntamente com o pediatra, buscar equilíbrio entre a consistência e a proporção da oferta dos diferentes grupos alimentares.
Consistência e quantidade dos alimentos de acordo com a idade durante a introdução alimentar:
A mudança da consistência é feita gradualmente no método tradicional.
Independente da forma que o alimento está sendo introduzido, seja amassado ( forma de purê) e com uso da colher ou em pedaços na modalidade Baby Led Weaning (BLW), a quantidade não deve ser motivo de preocupação ao iniciar a oferta dos alimentos complementares.
- A partir dos 6 meses: Alimentos bem amassados – de 2 a 3 colheres de sopa e aumentar gradativamente.
- A partir dos 7 meses: Alimentos bem amassados – 2/3 de uma xicara de 250 ml
- Dos 9 a 11 meses: Alimentos bem cortados ou levemente amassados – 3/4 de uma xícara de 250 ml
- De 1 a 2 anos: Alimentos bem cortados ou levemente amassados – 1 xícara de 250 ml

Importante saber que é a criança que irá saber quando está saciada. Aos poucos ela vai indicar a necessidade de aumento das refeições. As quantidades acima são apenas para se ter uma noção, não precisam ser seguidas rigorosamente.
É normal que o bebê coma muito pouco ou mesmo recuse o alimento no início da introdução alimentar, fiquem tranquilas isso é normal. Atitudes ansiosas só vão prejudicar esse período tão importante para a nutrição adequada do seu filho.
Composição da refeição: Deve ser usada desde o início da introdução alimentar

Proporção dos diferentes grupos alimentares para a composição da alimentação infantil, desde o início da introdução alimentar:

A exposição ao sal e açúcar pode predispor ao consumo inadequado futuramente. Não está indicado o uso de sal no primeiro ano de vida e de açúcar até segundo ano de vida. Utilize temperos naturais para realçar os sabores dos alimentos.
As orientações atuais recomendam iniciar a oferta de alimentos potencialmente alergênicos como produtos lácteos, ovo, peixes, frutos do mar, trigo, soja, amendoim e as oleaginosas (amêndoas, castanhas e nozes), junto com a alimentação complementar.
E importante avaliar se esse alimento é seguro: sem riscos de engasgos, sem contaminação por metais pesados (peixes) ou contaminação microbiológica, ou por micotoxinas como no caso do amendoim.
Introdução alimentar e constipação intestinal
Precisamos estar atentos para a mudança da consistência do cocõ, pois a constipação intestinal pode iniciar com a introdução alimentar. Devemos estar atentos para a quantidade de água que a criança está ingerindo, avaliar se a quantidade da fórmula de leite não está em excesso, se não estiver em aleitamento materno, oferecer mais alimentos ricos em fibras se necessário.
Medicações para constipação intestinal pode ser necessária em alguns casos
Alimentos que não devem ser usados na introdução alimentar:
- Refrigerantes e sucos (mesmo naturais)
- Alimentos industrializados ou embutidos
- Café puro ou com leite
- Água de coco
- Mel
- Chás
- Sal e açúcar
Sobre a cafeína:
- Crianças de 6m a 2 anos de vida não consumir cafeína nem mesmo com leite, associação muito comum no nosso meio.
- A cafeína e substancias equivalentes presentes no café, chá preto, mate, guaraná natural e refrigerantes, mesmo em pequena quantidade é um poderoso estimulante, podendo deixar a criança muito agitada.
- Compromete a absorção de ferro, zinco e cálcio importantes nutrientes para um desenvolvimento saudável.
Sobre o mel:
Apesar do mel ser um produto natural não é recomendado oferecer esse alimento para crianças até 2 anos de idade, por 2 motivos:
- É um tipo de açúcar, portanto contraindicado em menores de 2 anos.
- Risco de contaminação por uma bactéria que causa botulismo, e crianças menores de 1 ano são menos resistentes a essa bactéria, podendo desenvolver graves sintomas gastrintestinais e neurológicos.
Sobre o açúcar:
- Crianças menores de 2 anos não devem consumir açúcar de nenhum tipo e de nenhuma forma, como cristal, refinado, mascavo, melado, mel e rapadura.
- Os primeiros anos são fundamentais para a criança adquirir memória para texturas e sabores, se o uso de açúcar for iniciado precocemente pode alterar muito o seu paladar para aceitação de alimentos não açucarados como os legumes, carnes e frutas.
A alimentação vegana e vegetariana
Pode ser saudável, mas requer atenção para evitar deficiências nutricionais.
Vegano:
Não incluem alimentos ou qualquer tipo de produtos de origem animal.
Vegetariano:
Não incluem nenhum tipo de alimento de origem animal na alimentação.
A falta de proteínas de origem animal pode levar à carência de nutrientes como vitamina B12, ferro, cálcio e ômega-3. Esses nutrientes são essenciais para a saúde óssea, cardiovascular e do sistema nervoso. Para minimizar os riscos, é importante incluir alimentos ricos em proteínas vegetais (como leguminosas, tofu e quinoa) e considerar a suplementação de vitamina B12 e ferro, se necessário. Um acompanhamento com pediatra e nutricionista é recomendado para garantir uma dieta equilibrada e segura para veganos e vegetarianos.
- Lactante vegetariana / Vegana: seu leite materno pode ter deficiência de ferro, zinco, vit B12, outras vitaminas do complexo B, vit A, vit D, cálcio,DHA e proteínas. Devem receber suplementação.
- Se os pais querem que os filhos sigam essa alimentação, fazer avaliação e acompanhamento com pediatra e /ou nutricionista.

Dificuldades Alimentares:
Apetite limitado:
Crianças muito ativas que não concentram na alimentação ou que tem doenças orgânicas que levam á falta de apetite.
Medo de se alimentar:
Devido à questões psicológicas ( fobias) ou orgânicas ( algum processo doloroso)
Seletividade
Pode variar desde a neofobia ( medo do novo) simples passando por quadros de seletividade moderados até mais graves- ligados ao TEA ( Transtorno do Espectro Autista ) ou TARE (Transtorno Restritivo Evitativo).
Discutiremos com mais detalhes no artigo específico sobre dificuldades alimentares.
Sabemos que alguns bebês têm mais resistência para aceitar essa transição do seio materno ou de mamadeira para a fase das papinhas. Com orientações adequadas, paciência, equilíbrio emocional e muito carinho seus bebês vão superar esse momento de transição.
Por isso é muito importante que a refeição não seja substituída por outros alimentos, essa atitude só irá retardar a introdução alimentar adequada.
Introdução alimentar realizada corretamente e com acompanhamento ao longo dos meses e anos, garante uma alimentação correta e saudável para a vida, com prevenções de várias doenças crônicas, já citadas em nosso texto.

Leia também:
- Deficiência de Vitaminas e Micronutrientes em Crianças e Adolescentes. Quando Suplementar?
- Dificuldade alimentar na criança e Seletividade
- Prevenção de acidentes domésticos e segurança no trânsito
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- Criança com asma
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